domingo, 16 de março de 2008

A recíproca nem sempre é verdadeira


Reciprocidade pode ser uma coisa boa ou ruim, dependendo da situação. Geralmente ela é ruim quando surge em resposta a um ato ruim.

Exemplo: alguém espalha inverdades sobre você e, em resposta, você faz a mesma coisa ou tenta atingir o outro de alguma forma.

Do mesmo jeito, a reciprocidade passa a ser boa quando alguém responde o bem com o bem.

Mas, e quando essa boa reciprocidade não acontece? Às vezes é muito frustante quando nos empenhamos em ajudar, agradar e até mesmo amar alguém, mas por algum motivo essa pessoa não age da mesma forma que nós. E aí surgem decepções, amarguras e tristezas. Falando no popular: "a bola murcha".

Então como se livrar desses sentimentos que afloram quando a tal boa reciprocidade não existe?

7 Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.
8
Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor.

9
Nisto se manifesta o amor de Deus para conosco: que Deus enviou seu Filho unigênito ao mundo, para que por ele vivamos.

(I João 4:7)

Esses versículos falam muita coisa a respeito disso. Quando João escreve que devemos amar uns aos outros, ele NÃO diz que devemos amar porque o outro nos amará, mas que nosso amor seja gratuito, sem condicional. Em seguida, ele usa o próprio amor de Deus como argumento indiscutível, pois Deus amou de tal forma que deu seu único filho para que outros vivessem. Deus é amor!

43 Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo.
44
Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus;

(Mateus 5:43-44)

Jesus confirma e vai mais além. Devemos amar não somente o próximo, mas também os que nos odeiam.

"Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem." (Romanos 12 : 21)

Paulo diz a mesma coisa com outras palavras, "vence o mal com o bem". O remédio contra o mal é o bem, simples mas verdadeiro.

Eu aprendo a seguinte lição diante disso tudo: alguma pessoa não te amou tanto quanto você a amou? Ame-a mais ainda! Acho que esse pensamento reflete a vontade de Deus para nossas vidas.


Que Deus nos ensine a amar!

4 comentários:

Diego Pacheco disse...

Devemos sempre amar ao próximo, sem esperar nada em troca.
A situação piora quando amamos alguém de uma maneira especial, e essa pessoa não dá a mínima.
Não conhecia seu blog, mas gostei...

Abraço.

Thiago Pinheiro disse...

Pois é, Diego. Eu sei que o assunto é muito mais complexo. Não daria pra falar sobre isso num post de um blog.

Não podemos forçar ninguém a nos amar, não é verdade? Podemos apenas amar.

Apareça sempre! Gosto de saber que as pessoas lêem o que tenho colocado nesse espaço.

Obriga e que Deus te guarde!

Unknown disse...

Pois eh gente! Desde a queda de adao nossa natureza humana ficou toda desorganizada!

Amor eh uma coisa falta tanto nesse planetinha que nao eh brincadeira nao. Todos nos somos filhos de Deus e temos um valor muito grande pra Ele. Do mais belo e charmoso ao mais feio e horroroso; todos tem um valor imenso.

Para definir o que eh amor, eu diria que eh quando passamos a ver uma pessoa pelo valor intrinsico que ela tem e nao por ela eh isso ou aquilo.

Infelizmente... temos a tendencia de querer amar apenas aqueles que nos agradam e que nos fazem sentir bem. Mas muitas vezes aquela pessoa chata que vive com aquele baixo astral insuportavel eh quem mais precisa de amor. Se todos pudessem extender a mao e amar incondicionalmente ao proximo.. VIIIIIICHE, eh de volta pro Jardin do Eden ehehe.

Faculdade Teológica disse...

Reciprocidade (OC)





Deus é amor. Ele ama o ser humano, na Sua maior medida.

O Seu amor é um amor eterno, infinito, perfeito. No entanto Deus espera, e ordena, que o Homem o ame, também, na sua maior medida. Ou seja, de todo o coração, toda a alma, todo o entendimento, todas as forças. Marcos 12:30

Como expressão do Seu amor, Deus age concretamente no sentido da libertação e regeneração do Homem. Através do Cristo, Ele vem «buscar e salvar o que se havia perdido». Ele faz tudo o que é necessário para que tal possa acontecer. No entanto o Senhor espera e requer que o Homem se arrependa, creia n’Ele e faça a Sua vontade. Mateus 7:21; Mateus 25:31/40; Lucas 13:3 ; João 3:16/18; Actos 2:37/38; Tiago 2:26

Já no Antigo Testamento, é feita uma aliança ou pacto entre Deus e o povo de Israel. Há como que um «contrato» em que Deus Se compromete a abençoar o Seu povo e este se compromete a obedecer à Sua Lei. Êxodo 19:3/8 Deus impõe uma condição: «...se diligentemente ouvirdes a minha voz...». Há, pois, um compromisso bilateral.

Trata-se duma relação de reciprocidade em que há expectativas, deveres e benefícios de parte a parte. No antigo como no novo pacto, o princípio da reciprocidade mantém-se, embora em contextos distintos, com aspectos diversos, e conteúdos específicos. Recordamos Jesus quando advertia: «se perdoardes aos homens...também o Pai vos perdoará...» Mateus 6:12/15 Foi ainda o Mestre que tornou bem claro o seguinte: quem O confessar diante dos homens Ele o confessará diante do Pai, mas qualquer que O negar Ele o negará também. Mateus 10:32/33

Há, nesta base relacional da reciprocidade, uma componente a que podemos chamar de contrapartidas. Vejamos:

Jesus disse: «... aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai... ou terras por amor do meu nome, receberá cem vezes tanto e herdará a vida eterna». Mateus 19:29 O termo grego «misthós» é um dos que melhor veiculam o conceito de contrapartida, sendo traduzido por salário, recompensa, galardão, lucro, preço. Há bastantes alusões neotestamentárias ao galardão (recompensa) que recebem os que praticam actos meritórios. Por exemplo, em Mateus 10, em que há várias alusões a contrapartidas, termina com a afirmação do Mestre, de que até mesmo um simples copo de água que se der não deixará de ser galardoado. É também Jesus que, no final do Apocalipse, assegura: « ... o meu galardão está comigo para dar a cada um segundo a sua obra». Apocalipse 22:12 Já Moisés, ao renunciar aos privilégios que tivera no Egipto, o fez por ter em vista a recompensa. Hebreus 11:26

A ideia de recompensa como retribuição («dar em paga») é bem expressa pelo termo original «antapodídoumi», usado na tão conhecida referência de Deuteronómio 32:35, retomada em Romanos 12:19 e Hebreus 10:30, segundo a qual é a Deus que pertence o castigo e a recompensa.

E, se a relação de Deus com o Homem serve, como pensamos, de modelo para as relações entre os homens, então não é de estranhar que Jesus tenha incluído no «Pai Nosso» a expressão «...perdoa-nos as nossas dívidas assim como nós perdoamos...», acentuada logo com as palavras seguintes: «... se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; se porém não perdoardes... também vosso pai vos não perdoará...» Mateus 6:12; Mateus 6:14/15. E como é que o Senhor define e resume a lei e os profetas, na sua aplicação às normas práticas do Seu Reino? Através do bem conhecido preceito: « ... tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós...». Mateus 7:12 Em suma, o amor, o perdão a dádiva, o serviço ao outro implicam uma relação mútua e interactiva. «Dai e ser-vos-á dado...» Lucas 6:38. Quem ama espera ser amado. Quem é amado deve amar. Quem ajuda espera ser ajudado. Quem é ajudado deve ajudar, etc.. Ou seja, as relações humanas (também) são feitas de trocas, de dar e receber. O afecto espera ser correspondido. Só a reciprocidade supera o egoísmo e a solidão, só ela favorece a atenção para com o outro, a gratidão, o reconhecimento, a generosidade.

Assim, o amor (e a graça, e o perdão...) de Deus é (como também o nosso deve ser) uma disponibilidade, um sentimento de abertura, um sinal de braços abertos direccionado para o ser amado. No entanto, a concretização plena só se faz na dualidade relacional, ou seja, quando o outro aceita, responde e corresponde. É só então que o tão desejado abraço acontece, que a reconciliação se faz, que a partilha existe, que os dois experimentam genuína paz e perfeita comunhão.

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